O coordenador de vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fiocruz, Rivaldo Venâncio, afirma que as mortes causadas por dengue acontecem por causa de erros e poderiam ser evitadas. Segundo ele, a dengue é uma doença muito bem conhecida, que circula no Brasil há 40 anos e, portanto, “já tem certa intimidade”. Afirmação foi feita durante coletiva de imprensa para divulgação dos últimos dados da doença pelo Ministério da Saúde nesta terça-feira (5).
Venâncio pontua os três erros que podem levar à morte em casos de dengue:
1º – o doente/família subestima a capacidade da doença e não busca atendimento em tempo hábil de cura;
2º – o doente/família conhece o potencial da doença e busca atendimento, mas não consegue acesso ao tratamento/desiste de ser atendido por desorganização da unidade;
3º – o doente/família conhece o potencial da doença e busca atendimento, mas a gravidade do quadro clínico não é percebida pelos agentes ou não se expressou clinicamente ainda.
Sobre o primeiro caso, ele conta que algumas pessoas ignoram os riscos da dengue por conhecerem outras pessoas que tiveram e o caso não evoluiu. “Quando vão [buscar atendimento], muitas vezes não é possível o atendimento pra recuperar, pra salvar a vida dessa pessoa”, relata.
Venâncio afirma que algumas pessoas chegam a ficar horas aguardando, mas acabam desistindo e voltando para casa. “É um segundo tipo de equívo, a não organização da rede em tempo hábil com a recepção, com um acolhimento necessário para que não seja necessário ficar esperando quatro, cinco horas como a gente viu em diversas localidades”, explica.
O coordenador afirma que o terceiro caso é, infelizmente, o mais frequente. “Em coisa de horas, o doente pode piorar e entrar em uma situação crítica. Então, ou essa situação não estava estabelecida, ou ela já existia e não foi identificada”, pontua.