Jogar se tornou um hábito diário e um vício para Vitória. Em três meses, ela começou a fazer apostas de R$ 500, R$ 800, R$ 1.000 e R$ 2.000. Para tentar recuperar o dinheiro que eventualmente perdia, também contraiu empréstimos no banco.
“Os empréstimos foram feitos nesses quatro meses em que joguei. Eu perdia R$ 4.000 e fazia um empréstimo no mesmo valor. Era assim que eu fazia. Consegui ganhar R$ 20 mil ao todo, mas perdi tudo nos jogos. O jogo permite saques de no máximo R$ 3.000 por dia, e o restante do valor que você ganha fica travado, para uso dentro do aplicativo. O jogo faz com que você perca esse valor travado e use o que ganhou e sacou para continuar jogando”, disse Vitória.
Depois de quatro meses jogando e sem saldo para continuar as apostas, Vitória retirou R$ 11 mil de uma conta conjunta com seu marido, com quem mantém um relacionamento estável há dez anos. Esse valor seria destinado à entrada de uma casa. "Meu marido sabia que eu jogava, mas ele também achava que eu sabia o que estava fazendo. Ele não sabia que eu tinha retirado dinheiro da nossa poupança para jogar," contou Vitória.
Para evitar que seu marido percebesse a movimentação na conta, Vitória contraiu um empréstimo de R$ 20 mil. Com o saldo disponível, ela apostou o dinheiro e, entre 17 horas e meia-noite de um único dia, percebeu que havia perdido tudo. Sem conseguir mais crédito para novos empréstimos, decidiu contar a verdade ao marido. Juntos, eles começaram a reconstruir a vida financeira do casal. No entanto, inicialmente, Vitória não aceitou que estava viciada em jogar.
“Eu perdi todas as nossas economias. Foi desesperador ver que eu tinha feito isso com as nossas vidas. Faz meses que isso aconteceu, mas só agora eu me sinto confortável para admitir o erro e falar mais abertamente sobre isso”, relatou ela.